26 junho, 2012

Concílio Vaticano II, há 50 anos



Dom Odilo P. Scherer (*) para O Estado de S.Paulo 

Dom Odilo P. Scherer
No dia 11 de outubro de 1962, o papa João XXIII abria de modo solene do Concílio Ecumênico Vaticano II. No dia 11 de outubro deste ano, Bento XVI abrirá as comemorações do cinquentenário desse Concílio, que foi o evento mais marcante da Igreja Católica no século 20 e um dos mais importantes de toda a sua história, quase bimilenar.

No Concílio Ecumênico - reunião dos bispos da Igreja Católica inteira com o papa - são definidas as questões fundamentais da vida da Igreja. Sua referência e sua imagem são sempre a assembleia apostólica de Jerusalém, ainda no início do cristianismo, quando os apóstolos se reuniram para decidir sobre uma questão posta por Paulo e Barnabé, destacados missionários entre os povos pagãos (cf. Atos dos Apóstolos, 15). O que se decide no Concílio Ecumênico vale para toda a Igreja, ali representada pelos seus responsáveis maiores. Ao longo da História, os Concílios Ecumênicos foram 21, realizados, sobretudo, nos primeiros séculos do cristianismo; nos últimos 500 anos foram celebrados apenas três: o de Trento, no século 16; o Vaticano I, no século 19, e o Vaticano II, no século 20. 

Que questões, tão importantes, teriam motivado João XXIII a convocar, de maneira surpreendente, no dia 25 de janeiro de 1959, um Concílio da Igreja Católica? Pio XI e Pio XII, seus predecessores imediatos, também tiveram essa ideia e até mandaram fazer estudos com vista à convocação de um novo Concílio. No entanto, para estupor dos cardeais que o rodeavam, foi justamente o papa Angelo Giuseppe Roncalli, eleito com 78 anos de idade, ainda nos primeiros meses de seu pontificado, que o levou a efeito. 

É importante situar essa decisão. O mundo ainda se recuperava da catastrófica 2.ª Guerra Mundial; sob o impulso da Organização das Nações Unidas (ONU), coisas novas iam aparecendo, como a cooperação internacional para o desenvolvimento dos povos e um novo surto de crescimento econômico, sobretudo no Hemisfério Norte; nações africanas iam ficando independentes... Ao mesmo tempo, surgiam tensões e conflitos locais, a pobreza dos países periféricos ficava mais evidente e novos sistemas de dependência se configuravam entre os países. Preocupação maior, porém, era a guerra fria, que contrapunha de maneira cada vez mais ríspida os dois blocos dominantes: o capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, liderado pela União Soviética. A estabilidade da paz e os avanços no respeito à dignidade humana, conseguidos ao preço de muita dor, sangue e ódio, estavam novamente ameaçados. 



FONTE DE INFORMAÇÃO:
Jornal O Estado de S.Paulo 

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